1506816000
1517356800
1713571200

Exposição Anterior

01/10/2017

Colaboração Isabel Carlos

Orla Barry & Rui Chafes, Golden Pocket, 2017

A colaboração Orla Barry e Rui Chafes recua a 2002. Golden Pocket (Algibeira Dourada), criada de raiz para o Quetzal Art Centre é a terceira obra que resulta do encontro entre duas linguagens e materiais que se situam aparentemente em polos opostos: o ferro e a palavra.
Barry (1969, Wexford, Irlanda) trabalha com a linguagem escrita e falada em registos tão diferentes como a performance, o vídeo e peças de som; Chafes (1966, Lisboa) fez do ferro o material de eleição para as suas obras pintadas de negro. Em Golden Pocket estes dois artistas criam um universo muito próprio que se situa entre o poético e o orgânico, entre o físico e o metafísico, entre a metáfora e a metamorfose.
Os quinze metros da cortina-espiral em que as palavras se organizam, ora em diagramas geométricos e fechados, ora em pontuações fluídas e esvoaçantes, conduzem-nos a uma criatura híbrida que tanto pode pertencer ao reino animal, como ao reino vegetal ou simplesmente ao reino da ficção científica.

As palavras remetem ora para o mundo rural — adultera agrícola, a mente do pastor — ora para um mundo onde isolamento e comunicação são duas faces da mesma moeda — estas palavras são tuas ou minhas?, poça léxica, diálogo enigmático ao telefone — num registo poético e lírico pleno de incerteza, humanidade, redenção, catarse e um profundo desejo de chegar ao “outro”.
O “outro” que a escultura em ferro concretiza, mas não apazigua. Pelo contrário, inquieta ainda mais na sua não pertença a nada que identifiquemos com o mundo concreto e visível.
“On entering this space you fall through the gaps between the colours of the rainbow” estas foram as palavras dos dois artistas para descreverem esta sua colaboração.

Isabel Carlos

Isabel Carlos
Isabel Carlos é licenciada em Filosofia pela Universidade de Coimbra e mestre em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa com a tese Performance ou a Arte num Lugar Incómodo (1993). Crítica de arte desde 1991, tem ocupado diversos cargos de destaque, incluindo o de assessora para a área de exposições de Lisboa’94 – Capital Europeia da Cultura. Foi cofundadora e subdiretora do Instituto de Arte Contemporânea, tutelado pelo Ministério da Cultura (1996-2001), tendo organizado, entre outras atividades inerentes ao cargo, as representações portuguesas na Bienal de Veneza (2001) e na Bienal de São Paulo (1996 e 1998). Foi membro dos júris da Bienal de Veneza (2003), do Turner Prize (2010), The Vincent Award (2013), entre outros. Co-seleccionadora do Ars Mundi, Cardiff (2008). Entre as inúmeras exposições que organizou, destacam-se: Bienal de Sidney On Reason and Emotion (2004),

Intus de Helena Almeida, Pavilhão de Portugal, Bienal de Veneza (2005), Provisions for the Future, Bienal de Sharjah (2009). Entre 2009 e 2015 foi diretora do Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Orla Barry
Orla Barry (1969) é artista visual e pastora. Após dezasseis anos em Bruxelas, Barry mudou-se para o sudeste da Irlanda, onde cuida de um rebanho de ovelhas Lleyn. No seu trabalho, a artista aborda os temas da fisicalidade e poética da oralidade. Apresentou as suas performances em espaços e eventos como o Performatik 17, Bruxelas; The Project Arts Centre, Dublin; The South London Gallery e Tate Modern, em Londres; If I Can’t Dance, De Appel Amsterdam; e The Playground Festival, Leuven. Teve exposições individuais na Templebar Gallery, Dublin; no CCB, Museu Berardo, Lisboa (com Rui Chafes); no Irish Museum of Modern Art, Dublin; no SMAK, em Ghent; Camden Arts Centre, em Londres; e no Palácio de Belas Artes, em Bruxelas.

Rui Chafes
Rui Chafes (1966) trabalha prioritariamente com ferro e aço. Após completar a licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, estudou com Gerhard Merz na Kunstakademie Düsseldorf entre 1990 e 1992, onde traduziu os Fragmentos de Novalisdo alemão para o português. Conta com exposições individuais no Museu de Serralves (com Pedro Costa), no Porto; no CAM – Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa; no Palácio Nacional da Pena, em Sintra; no Museu Coleção Berardo (com Orla Barry), em Lisboa; no SMAK, em Ghent; no Folkwang Museum, em Essen; no Esbjerg Kunstmuseum, em Esbjerg; no Nikolaj Contemporary Art Center, em Copenhaga; na Fondazione Volume!, em Roma; na Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro; Fundación Luis Seoane, A Coruña; Hara Museum (com Pedro Costa), em Tóquio; no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Ilmin Museum of Art (com Pedro Costa), Seul. Participou na Bienal de São Paulo em 2004 (com Vera Mantero) e na Bienal de Veneza em 1995 e 2013.

Mais informações: leia o folheto Collaboration I, II, III, VI.

Ler Mais