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Exposição Anterior
31/03/2019 - 04/03/2020
Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita)
Georges Dorignac, Pauline Curnier Jardin, Mike Kelley, Rachel Khedoori, Alexandra Leykauf, Lee Lozano, Luís Lázaro Matos, Nathaniel Mellors, Paul Thek, Dick Verdult.
O Centro de Arte Contemporânea do Quetzal tem a honra de apresentar a exposição colectiva Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita), que poderá ser visitada a partir de 31 de Março de 2019.
A consciência moderna nasceu na escuridão: a escuridão da caverna. Foi nas habitações subterrâneas dos primeiros homens que, nas palavras de Werner Herzog, “a alma humana moderna despertou’”, através de rituais sociais e expressões que dão conta da capacidade humana de reflectir, sublimar e criar. No nosso inconsciente colectivo, a história da caverna é a história da invenção estética, da ideação, do lento advir ao ser de uma inteligência complexa e sensível, localizada algures entre o caos primordial e as primeiras estruturas civilizacionais. No seu mais famoso tratamento filosófico a caverna é, claramente, o lugar alegórico das nossas verdades, o lugar de nascimento da nossa emancipação política. Um lugar de sombras, onde se escondem as respostas a todas as questões da humanidade em todas as suas infinitas brechas e dobras.
De um modo associativo, Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita) estabelece a genealogia da caverna enquanto espaço gestacional de ideias da arte contemporânea. A mostra reúne uma selecção intergeracional de obras de artistas que abordam a caverna e noções relativas ao subterrâneo, cujo potencial em termos de exploração artística é aparentemente infinito. Regressamos constantemente à caverna numa tentativa de desvendar os seus segredos eternos; na nossa realidade contemporânea de pós-verdade, na qual a falência ideológica e a hubris tecnológica configuram um horizonte de colapso global, a urgência de um regresso às origens da civilização surge-nos mais pungente do que nunca.
Algumas das obras expostas no Centro de Arte Contemporânea do Quetzal (com as suas galerias subterrâneas) recorrem à caverna como local físico no qual se situam narrativas especulativas sobre temas como identidade e poder. Por exemplo, para a sua instalação vídeo Grotto Profunda Approfundita (2017), Pauline Curnier Jardin construiu uma sala semelhante a uma caverna cujo interior evoca a sensação de se ser engolido nas entranhas de um corpo humano, permitindo à artista jogar ironicamente com os lugares comuns à volta da caverna enquanto espaço espiritual e sexuado. Em The Sophisticated Neanderthal Interview [Entrevista a Neandertal Sofisticado](2013), Nathaniel Mellors orquestra um encontro à beira de uma caverna entre um homem moderno e um Neanderthal, que revela uma teoria alternativa das origens da arte e da sua institucionalização. Mike Kelley reflecte sobre a caverna platónica e sua justaposição de verdade e ilusão no desenho Exploring [Exloração], que integra a sua instalação de grande escala Plato’s Cave, Rothko’s Chapel, Lincoln’s Profile [A Caverna de Platão, A Capela de Rothko, O Perfil de Lincoln] (1985). Aqui, o artista ordena ao espectador: “Em espeleologia, é por vezes necessário agachar-se… Por vezes, é necessário gatinhar… Ou mesmo rastejar… Rasteja, verme!!”
Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita) inclui obras novas e preexistentes de George Dorignac , Dick Verdult, Alexandra Leykauf, Lee Lozano, Rachel Khedoori, Paul Thek, e uma monumental instalação site specific de Luís Lázaro Matos.
Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita) tem curadoria de Aveline de Bruin e Xander Karskens. A exposição será acompanhada por uma publicação com textos de Karskens e John C. Welchman, contando com design do Studio Felix Salut.
Mais informações: leia o folheto Mitos da Caverna (Espeleologia Infinita) ou leia a publicação em Independent Collectors.