Colaboração Isabel Carlos

01/10/2017 - 31/01/2018

Orla Barry e Rui Chafes

Collaboration Isabel Carlos

Orla Barry & Rui Chafes, Golden Pocket, 2017

A colaboração Orla Barry e Rui Chafes recua a 2002. Golden Pocket (Algibeira Dourada), criada de raiz para o Quetzal Art Centre é a terceira obra que resulta do encontro entre duas linguagens e materiais que se situam aparentemente em polos opostos: o ferro e a palavra.
Barry (1969, Wexford, Irlanda) trabalha com a linguagem escrita e falada em registos tão diferentes como a performance, o vídeo e peças de som; Chafes (1966, Lisboa) fez do ferro o material de eleição para as suas obras pintadas de negro. Em Golden Pocket estes dois artistas criam um universo muito próprio que se situa entre o poético e o orgânico, entre o físico e o metafísico, entre a metáfora e a metamorfose.
Os quinze metros da cortina-espiral em que as palavras se organizam, ora em diagramas geométricos e fechados, ora em pontuações fluídas e esvoaçantes, conduzem-nos a uma criatura híbrida que tanto pode pertencer ao reino animal, como ao reino vegetal ou simplesmente ao reino da ficção científica.

As palavras remetem ora para o mundo rural — adultera agrícola, a mente do pastor — ora para um mundo onde isolamento e comunicação são duas faces da mesma moeda — estas palavras são tuas ou minhas?, poça léxica, diálogo enigmático ao telefone — num registo poético e lírico pleno de incerteza, humanidade, redenção, catarse e um profundo desejo de chegar ao “outro”.
O “outro” que a escultura em ferro concretiza, mas não apazigua. Pelo contrário, inquieta ainda mais na sua não pertença a nada que identifiquemos com o mundo concreto e visível.
“On entering this space you fall through the gaps between the colours of the rainbow” estas foram as palavras dos dois artistas para descreverem esta sua colaboração.

Isabel Carlos

Voltar para o blogue

Isabel Carlos

Isabel Carlos é licenciada em Filosofia pela Universidade de Coimbra e mestre em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa com a tese Performance ou a Arte num Lugar Incómodo (1993). Crítica de arte desde 1991, tem ocupado diversos cargos de destaque, incluindo o de assessora para a área de exposições de Lisboa’94 – Capital Europeia da Cultura. Foi cofundadora e subdiretora do Instituto de Arte Contemporânea, tutelado pelo Ministério da Cultura (1996-2001), tendo organizado, entre outras atividades inerentes ao cargo, as representações portuguesas na Bienal de Veneza (2001) e na Bienal de São Paulo (1996 e 1998). Foi membro dos júris da Bienal de Veneza (2003), do Turner Prize (2010), The Vincent Award (2013), entre outros. Co-seleccionadora do Ars Mundi, Cardiff (2008). Entre as inúmeras exposições que organizou, destacam-se: Bienal de Sidney On Reason and Emotion (2004),

Intus de Helena Almeida, Pavilhão de Portugal, Bienal de Veneza (2005), Provisions for the Future, Bienal de Sharjah (2009). Entre 2009 e 2015 foi diretora do Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Orla Barry

Orla Barry (1969) é artista visual e pastora. Após dezasseis anos em Bruxelas, Barry mudou-se para o sudeste da Irlanda, onde cuida de um rebanho de ovelhas Lleyn. No seu trabalho, a artista aborda os temas da fisicalidade e poética da oralidade. Apresentou as suas performances em espaços e eventos como o Performatik 17, Bruxelas; The Project Arts Centre, Dublin; The South London Gallery e Tate Modern, em Londres; If I Can’t Dance, De Appel Amsterdam; e The Playground Festival, Leuven. Teve exposições individuais na Templebar Gallery, Dublin; no CCB, Museu Berardo, Lisboa (com Rui Chafes); no Irish Museum of Modern Art, Dublin; no SMAK, em Ghent; Camden Arts Centre, em Londres; e no Palácio de Belas Artes, em Bruxelas.

Rui Chafes

Rui Chafes (1966) trabalha prioritariamente com ferro e aço. Após completar a licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, estudou com Gerhard Merz na Kunstakademie Düsseldorf entre 1990 e 1992, onde traduziu os Fragmentos de Novalisdo alemão para o português. Conta com exposições individuais no Museu de Serralves (com Pedro Costa), no Porto; no CAM – Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa; no Palácio Nacional da Pena, em Sintra; no Museu Coleção Berardo (com Orla Barry), em Lisboa; no SMAK, em Ghent; no Folkwang Museum, em Essen; no Esbjerg Kunstmuseum, em Esbjerg; no Nikolaj Contemporary Art Center, em Copenhaga; na Fondazione Volume!, em Roma; na Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro; Fundación Luis Seoane, A Coruña; Hara Museum (com Pedro Costa), em Tóquio; no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Ilmin Museum of Art (com Pedro Costa), Seul. Participou na Bienal de São Paulo em 2004 (com Vera Mantero) e na Bienal de Veneza em 1995 e 2013.

  • Visite o Centro de Arte

    O nosso Centro de Arte é de Acesso Livre. Não se esqueça de visitar a exposição atual e fique atento às próximas.

    Quarta a Domingo

    11H – 17.30H

    Encerrado à Segunda e Terça

More Previous Exhibitions