
Segundo Espinosa, a nossa perceção da realidade é moldada pelo nosso ponto de vista individual e pelas ferramentas que utilizamos para compreendê-la. Quando a nossa perspectiva é limitada ou até mesmo dogmática, apenas apreendemos uma parte restrita da realidade. O verdadeiro conhecimento do mundo advém da troca ativa e contínua de pensamento livre.
A grande arte também desafia a nossa perspectiva sobre o mundo. E não é por acaso que muitos artistas se inspiraram em Espinosa, cujos textos podem ser interpretados como uma reflexão sobre racionalismo ou metafísica, ateísmo ou panteísmo, democracia ou totalitarismo. "Existe um Espinosa para cada pessoa", escreve Ian Buruma no seu livro Espinosa. O Messias da Liberdade (Spinoza. Freedom’s Messiah). Os artistas desta exposição exploram diversas reflexões de Espinosa: desde a nossa relação com a natureza até à abolição das dicotomias (entre corpo e espírito, entre géneros, entre natureza e Deus).
Num momento em que a polarização e as alterações climáticas pairam sobre nós, a filosofia de Espinosa revela-se mais pertinente do que nunca. Enquanto judeus portugueses, a própria família de Espinosa foi perseguida por motivos religiosos e teve de fugir para os Países Baixos. Exibir estas obras no Quetzal Art Center, na Vidigueira – terra natal do pai de Espinosa –, torna esta exposição ainda mais especial.
Artistas presentes na exposição (da Coleção de Bruin-Heijn): Eylem Aladogan, Thiery de Cordier, Keith Edmier, Olafur Eliasson, Simon Fujiwara, Thomas Hirschhorn, Roni Horn, Job Koelewijn, Kinke Kooi, Tetsumi Kudo, Robert Longo, Cristina Lucas, Navid Nuur, Falke Pisano, Anri Sala, Fernando Sánchez Castillo.
Curadoria de Aveline de Bruin.
(Texto Anna Lillioja)